
Deixo aqui minha homenagem e agradecimento a esta cidade que me acolheu e hoje posso dizer que sou brasiliense de coração mesmo com meu sotaque mineiro.

Debruçados na maquete da cidade que nascia, Oscar Niemeyer (à esq.), Israel Pinheiro, presidente da Novacap, Lucio Costa e Juscelino Kubitschek observam o avanço nas obras da Praça dos Três Poderes. Naquela altura, o Palácio da Alvorada já tinha sido inaugurado.
BRASÍLIA - 22 11 1958
FOTO: Mario Fontenelle/Arquivo Público do Distrito Federal

Às 7h45 de 2 de outubro de 1956 o DC-3 da Força Aérea Brasileira decolou do Aeroporto Santos Dumont a caminho do ponto onde seria erguida Brasília. A pista de 2 000 metros para pouso tinha sido construída na véspera. Depois de descobrir "a vastidão desconcertante do vazio", Juscelino Kubitschek escreveu no Livro de Ouro: "Deste Planalto Central, desta solidão que em breve se transformará em cérebro das altas decisões nacionais, lanço os olhos mais uma vez sobre o amanhã do meu país e antevejo esta alvorada com fé inquebrantável e uma confiança sem limites no seu grande destino".
PLANALTO CENTRAL - 2 10 1956
FOTO: Jean Manzon

acima o presidente Juscelino Kubitschek e o urbanista Lucio Costa, em meio ao cerrado onde seria construída Brasília. A imagem, de 1957 , destaca a placa do Eixo Monumental, aquela que viria a ser a mais larga avenida do Brasil e da nova capital, com seis pistas em cada mão.
Lucio Costa é o autor do projeto urbanístico escolhido para a construção de Brasília. Ao contrário do que muitos pensam, o nome Plano Piloto não tem a ver com o formato de um avião. Todos os projetos apresentados no concurso público vencido por Lucio Costa chamavam Plano Piloto de Brasília e levam um número para distingui-lo.
O Plano Piloto de Lucio Costa teve sua forma inspirada pelo sinal da cruz. Lucio Costa defendeu a tese de que a capital federal pudesse ser comparada a uma borboleta, rejeitando a comparação com um avião.

Oscar Niemeyer

Para o antropólogo carioca Milton Guran, a imagem destas páginas é "a mais extraordinária fotografia do Brasil moderno, um registro seminal que simboliza o momento em que o brasileiro tomou posse efetiva de seu destino". O fotógrafo Mário Fontenelle, a bordo de um monomotor, pediu ao piloto que voltasse: "Quero fazer esta foto". Ela mostra o cruzamento do Eixo Monumental com o Eixo Rodoviário, o Eixão, o ponto zero da cidade imaginada pelo urbanista Lucio Costa. A história desculpa a precariedade do registro.
BRASÍLIA - 1957
FOTO: Mario Fontenelle/Arquivo Público do Distrito Federal